terça-feira, 9 de março de 2010


Sociedade descapitalizada de valores morais.
Assistimos à trágica morte de uma criança de Mirandela, fruto da brutalidade das agreções fisícas de alguns dos seus colegas, que ao longo dos tempos lhe foram infligindo, e que culminou com o suicídio deste, perante a inércia das 'autoridades' escolares, conhecedoras destes hábitos entre alguns dos seus alunos e denúnciadas ao longo dos tempos por alguns pais.
Este acontecimento chocante deve fazer reflectir toda a sociedade, na medida em que foi ela que ao longo de alguns anos tem vindo a tolerar e a conviver passivamente com estas e outras situações, que em muito se vêm a mostrar como alarmantes.
Teremos que colocar algumas perguntas préviamente:
Qual tem sido o papel dos pais e das famílias na educação das crianças, adolescente e jovens? Darão verdadeira atenção aos filhos? Que 'tipo' educação dão?
2ª Não estará a sociedade a contribuir para estes tipos de comportamentos quando tudo tolera, aprovando a libertinagem?
3ª O Estado estará a fazer o seu papel de socializador e fiscalizador? Como pode deixar que isto se suceda em estabelecimentos da sua tutela? Como pertende controlar este novo tipo de criminalidade?
4ª Qual o papel da escola e dos seus agentes?
A realidade das nossas familias hodiernas é bastante diferente das de à uns vinte a trinta anos. Os horários de trabalho são hoje o motivo que muitas se queixam, mas a realidade de à umas décadas não era muito diferente: homem e mulher trabalhavam, o número de horas de trabalho eram superiores, os transportes difíceis, as crianças quando vinham da escola tinham de ficar com familiares (avós - que hoje dispensamos e colocamos nos lares de 3ª idade) que contribuiam em muito para a educação das crianças. Olhando para os lares dos nossos dias vemos as televisões a ocuparem o espaço reservado ao diálogo; a Internet ocupando o espaço em que os pais ajudavam os filhos nas tarefas de casa; a múltiplicidade de actividades desportivas e lúdicas em vez de um trabalho em família no fim-de-semana; o laxismo para com o rendimento escolar e a arrogânciaviolência para com os professores e outros agentes escolaresa em vez da exigência na escola. Hoje um professor não pode tocar numa criança para a repreender - causa trauma nesta - será que as gerações anteriores à dos anos 80 ficaram todas traumatizadas?
A sociedade também tem a sua quota-parte de responsabilidade da qual não pode fugir: criou-se um sentimento de permissividade por parte das crianças, adolescentes e jovens, que julgam que saem impunes de todas as suas más acções - cometeu-se o erro de confundir liberdade e responsabilidade com libertinagem, desresponsabilização e impunidade - eles sentem-se impunes. Há que rever os valores que transmitimos às gerações mais novas.
O Estado falha nas escolas com professores desmotivados, agredidos, insultados, desautorizados; falha com falta de pessoal, e com a sua formação e qualificação; falha na justiça e na prevenção.
Muito mais falta aqui reflectir, mas é o começo...