quinta-feira, 15 de abril de 2010

Ressurreição | Vida

Cristo Ressuscistou, Aleluia!
Esta fraze expressa o sentimento de todo o cristão neste tempo pascal. Cristo ressuscitou, isto é, venceu e destruiu a morte e o pecado. Com Ele todo o cristão é vencedor na medida em que se configura, dia-a-dia, com o próprio Cristo, até chegar ao ponto de poder afirmar como o Apóstolo Paulo: «Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim».
Esta vida nova em Cristo, novo Adão, torna-se um imperativo para todo o baptizado. A caridade é a expreção máxima dessa vida em Cristo - não podemos dizer que amamos a Deus se não amamos o próximo. A partilha nasce dessa mesma caridade, porque se amo o outro então sinto que estou capacitado em dar a minha vida por ele, que passa por partilhar os meus bens com o outro, no qual se desvela o rosto do Senhor que disse: «estive com fome e deste-me de comer, com sede e deste-me de beber ...»
A fé no Senhor morto e ressuscitado não é por isso um qualquer sentimentalismo, mas uma união verdadeira com Ele, que me leva a uma entrega total da minha vida ao Seu serviço e ao serviço da humaniade.



terça-feira, 9 de março de 2010


Sociedade descapitalizada de valores morais.
Assistimos à trágica morte de uma criança de Mirandela, fruto da brutalidade das agreções fisícas de alguns dos seus colegas, que ao longo dos tempos lhe foram infligindo, e que culminou com o suicídio deste, perante a inércia das 'autoridades' escolares, conhecedoras destes hábitos entre alguns dos seus alunos e denúnciadas ao longo dos tempos por alguns pais.
Este acontecimento chocante deve fazer reflectir toda a sociedade, na medida em que foi ela que ao longo de alguns anos tem vindo a tolerar e a conviver passivamente com estas e outras situações, que em muito se vêm a mostrar como alarmantes.
Teremos que colocar algumas perguntas préviamente:
Qual tem sido o papel dos pais e das famílias na educação das crianças, adolescente e jovens? Darão verdadeira atenção aos filhos? Que 'tipo' educação dão?
2ª Não estará a sociedade a contribuir para estes tipos de comportamentos quando tudo tolera, aprovando a libertinagem?
3ª O Estado estará a fazer o seu papel de socializador e fiscalizador? Como pode deixar que isto se suceda em estabelecimentos da sua tutela? Como pertende controlar este novo tipo de criminalidade?
4ª Qual o papel da escola e dos seus agentes?
A realidade das nossas familias hodiernas é bastante diferente das de à uns vinte a trinta anos. Os horários de trabalho são hoje o motivo que muitas se queixam, mas a realidade de à umas décadas não era muito diferente: homem e mulher trabalhavam, o número de horas de trabalho eram superiores, os transportes difíceis, as crianças quando vinham da escola tinham de ficar com familiares (avós - que hoje dispensamos e colocamos nos lares de 3ª idade) que contribuiam em muito para a educação das crianças. Olhando para os lares dos nossos dias vemos as televisões a ocuparem o espaço reservado ao diálogo; a Internet ocupando o espaço em que os pais ajudavam os filhos nas tarefas de casa; a múltiplicidade de actividades desportivas e lúdicas em vez de um trabalho em família no fim-de-semana; o laxismo para com o rendimento escolar e a arrogânciaviolência para com os professores e outros agentes escolaresa em vez da exigência na escola. Hoje um professor não pode tocar numa criança para a repreender - causa trauma nesta - será que as gerações anteriores à dos anos 80 ficaram todas traumatizadas?
A sociedade também tem a sua quota-parte de responsabilidade da qual não pode fugir: criou-se um sentimento de permissividade por parte das crianças, adolescentes e jovens, que julgam que saem impunes de todas as suas más acções - cometeu-se o erro de confundir liberdade e responsabilidade com libertinagem, desresponsabilização e impunidade - eles sentem-se impunes. Há que rever os valores que transmitimos às gerações mais novas.
O Estado falha nas escolas com professores desmotivados, agredidos, insultados, desautorizados; falha com falta de pessoal, e com a sua formação e qualificação; falha na justiça e na prevenção.
Muito mais falta aqui reflectir, mas é o começo...

sábado, 13 de fevereiro de 2010

CÂNON

NON
de Sophia de Mello Breyner Andresen

Sombrios profetas do exílio abandonai vosso vestido cinza
Pois o Filho do Homem na véspera da sua morte
Se sentou à mesa entre homens
E abençoou o pão e o vinho e os repartiu
E aquele que pôs com ele a mão no prato o traiu
E uma noite inteira no horto agonizou sozinho
Pois os seus amigos tinham adormecido
E no tribunal esteve só como todos os acusados da terra
E muitos o renegaram
E à hora do suplício ouviu o silêncio do Pai
Porém ao terceiro dia ergue-se do túmuloE partilhou a sua ressurreição com todos os homens.